segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Na ressaca de uma viagem de férias - I














E-mail enviado hoje, às 19:19, para o serviço de apoio a clientes da BRISA (servico.cliente@brisa.pt):

Exmos Srs,

Venho por este meio fazer uma reclamação – talvez seja chamar-lhe um desabafo, visto que sei por experiências anteriores que este e-mail apenas vai servir para alimentar os dados estatísticos. Este desabafo diz respeito a um serviço não prestado pela BRISA no que concerne à concessão da sua rede viária e que hoje fez com que eu e a minha família (e muitos mais portugueses que seguiam hoje de manhã pela A2 de sul para norte, certamente) acabássemos por ficar presos durante mais de duas horas no trânsito caótico que resultou do acidente em cadeia ocorrido na ponte sobre o rio Tejo.

Passo a explicar. Vinha a conduzir do sul em direcção a Lisboa. Só depois de passar o nó de Palmela (e as respectivas portagens) é que a BRISA avisava, através de um dos vários painéis informativos de que dispõe ao longo da via, que o trânsito estava lento entre o Fogueteiro e Almada. A solução, dizia o painel, era apanhar a saída para a ponte Vasco da Gama, pela qual tinha passado há largos quilómetros.

Eu faço a IC19 todos os dias e sei que fazer três quilómetros em 20 minutos é sinal de trânsito lento. Demorar duas horas para percorrer pouco mais de 10 quilómetros é tudo menos trânsito lento. É trânsito parado. Pode parecer ridículo, eu sei, mas a questão do português faz muita diferença – eu que o diga, que tenho de lidar diariamente com a Língua que todos falamos (ou tentamos falar) por virtude da minha profissão.

Pormenores linguísticos à parte, gostava eu de saber por que razão essa informação não foi prestada nos painéis informativos anteriores à saída para a ponte Vasco da Gama. Não seria nada de anormal. Recordo-me de uma vez em que vinha do Alentejo à noite e segui pela ponte Vasco da Gama (saindo para a A12, portanto) precisamente por indicação da BRISA de um acidente que afectava a circulação na ponte sobre o rio Tejo. Se a BRISA pode ajudar os condutores a evitarem situações como esta, de modo também a minimizar o tempo de espera dos condutores que não podem escapar às circunstâncias (quem entrasse na A2 para norte no nó do Fogueteiro, neste caso concreto de hoje), tanto melhor. Ou as dezenas de euros que se gastam entre viagens pelas auto-estradas e redes viárias concessioanadas pela BRISA apenas dizem respeito ao alcatrão que se pisa?

Talvez assim o seja. Isto porque, quilómetros à frente – a poucos metros do final do pesadelo mas ainda a largos minutos de sair dele – reparei num painel (des)informativo. O último presente na ponte sobre o rio Tejo no sentido sul-norte, julgo eu. E não resisti; pedi para tirarem uma fotografia que vos faço chegar em anexo, pois há situações em que é mesmo ver para crer. O que a imagem mostra é um painel que diz que as três vias estão desimpedidas; contudo, existe um corte na via da esqueda. Em que é que ficamos? Metros à frente, estava um agente da GNR a regular o trânsito a meio do tabuleiro – apenas uma faixa passava de cada vez. Entre olhares para o cronómetro (o seu próprio relógio, entenda-se) e conversas com automobilistas, ordenava a marcha de blocos de veículos. Já agora, e para que o painel não fique ainda mais confuso, afinal a faixa da esquerda estava mesmo bloqueada...

Em conclusão: Se calhar o melhor é mesmo a BRISA não prestar informações nos painéis. Ironia à parte, não quero crer que o facto de não serem cobradas portagens em Agosto na ponte sobre o rio Tejo seja uma desculpa para não se prestar o serviço que se espera da empresa, que é como quem diz não haver ninguém a trabalhar para prestar a tempo e horas este tipo de informações tão cruciais para o bom funcionamento das nossas redes viárias. E, quem sabe, para a redução da sinistralidade nos dias de hoje.

Perdoem-me a franqueza.

Com os melhores cumprimentos

João Faria

4 comentários:

JPT disse...

doloroso, amigo...
como diz o Last Man... "fuck'em!"

GandaMaluko disse...

Concordando contigo relativamente à eficácia desse teu mail (infelizmente de pouco ou nada serve a adesão às novas tecnologias, quando delas não sai nada de útil em relação a certas empresas), acho que fizeste muito bem em mandar o e-mail...
No entanto e na sequência dessa ineficácia apenas me apraz registar um comentário: "dá-lhe falâncio!"...

JPF disse...

Não peço redução nas portagens nem nada de especial. Apenas peço uma coisa básica: consideração para com os condutores que todos os dias “assaltam” nas estradas concessionadas...

Last Man Standing disse...

Bem... pelo menos foram apenas 2 horas e não 3 horas, hum? Nada mal? Este "country" é sem dúvida uma experiência molecular na 5ª Dimensão algures perdida entre o absurdo e o caricato. Mas enfim o que fazer? "Fuck´em!"

Espero que as tuas férias tenham sido boas! Fica bem!